Sabem aquele momento em que conhecem alguém assim só mesmo por acaso mas essa pessoa parece que não te sai da cabeça? é isso que me está a acontecer agora...
Conheci um rapaz no NorteShopping, aquele momento em que estás a andar só para não estar parada e sentes que alguém fica a olhar para ti e depois olhas e cruzam aqueles olhares que parece que te queimam toda por dentro, depois fui fumar um cigarrinho e lá estava ele novamente, a olhar para ti, respiras fundo e ganhas coragem para finalmente ir falar com ele.... Lá fui eu, para não parecer muito mau apenas perguntei se sabiam qual era o autocarro para ir embora, ele apenas me disse que não sabia, e no momento em que vinha embora desiludida, ele fica a olhar para mim e diz-me que me vai ajudar ( a única coisa que ele não sabia era que eu ja sabia horas, paragem e qual o autocarro que me levava embora, mas tinha de arranjar alguma desculpa para poder falar com ele...).
- Peço desculpa por não conseguir ajudar, é que eu só ando de metro, e só sei apenas onde o metro passa, nada mais! - diz-me ele aflito, sem conseguir olhar-me nos olhos.
Senti que ele ao dizer-me aquilo estava desiludido com ele mesmo, mas por outro lado estava feliz por estar ali naquele momento.
- Não faz mal, obrigada na mesma! - disse eu sem ter mais tema de conversa e pegando nas coisas para me ir embora.
- Espera, se quiseres podes vir comigo de metro e levo-te onde queres ir...
- A sério? Eu não quero atrapalhar, deves estar com pressa e ter mais que fazer.
- Oh não sejas tonta, eu levo-te lá.... Já alguma vez andaste de metro?
- Não - respondi eu com insegurança e um pouco de medo - parece que será a minha primeira vez!
Ele riu-se, pois ele não fazia outra coisa sem ser andar de metro e era um pouco invulgar para ele alguém nunca ter andado de metro.
Finalmente o metro chega e entramos, estava um pouco atrapalhada porque não sabia o que fazer.
- Não temos de tirar um bilhete? - perguntei eu olhando de um lado para o outro.
- Bilhete? Não uso isso no meu vocabulário, nunca tirei bilhete para andar de metro, e como e fim-de-semana, não á vigilantes.
Estava a fazer algo que nunca tinha feito, andar de metro e não pagar bilhete, parecia-me tudo surreal.
Passamos o caminho todo a falar, ele falava do seu passado, da sua vida, como se já me conhecesse á bastante tempo e não fosse uma desconhecida para ele, achei maravilhoso ele ter falado comigo como se nada fosse. Depois também lhe falei de mim, enquanto falava ele olhava diretamente nos meus olhos como se por algum motivo tivesse orgulho daquilo que estava a dizer, senti-me tão bem naquele momento, pela primeira vez ninguém me criticava, ninguém se ria por gozo, ele simplesmente ria-se por estarmos ali um com o outro nada mais.
- Bem chegamos! - diz-me ele levantando-se.
- Parece que sim.
Saímos do metro e fomos dar uma volta, " estou a dar uma volta num local onde não conheço, com uma pessoa que não conheço, mas estou tão bem como nunca estive na vida" pensava eu.
Até que tivemos de nos despedir.
- Bem parece que vou ter de me ir embora - disse eu com tristeza de ter de deixar aquela pessoa que me fez sentir tão bem em tão pouco tempo para trás.
- Sim é verdade, já está na hora!
Viro costas para ir embora, e do nada sinto algo a agarrar-me no braço, era ele, com lágrimas nos olhos a não se querer despedir de mim. Dá-me um abraço como nunca ninguém me tinha dado, nunca me tinha sentido tão segura na vida, sabia que com ele estava segura, que nada de mal me aconteceria, mas também sabia que nada poderia acontecer porque era de muito longe.
- Adoro o teu perfume, é uma das coisas que nunca mais na vida me vou esquecer!
- Espera,- disse eu abrindo a mochila- aqui tens o meu perfume, para que não te esqueças do meu cheiro, e quando olhares para ele, quero que te lembres de mim!
- Vou guardá-lo como se fosse a minha vida, e quero que saibas que não é por me dares o perfume que me vou lembrar de ti, porque aquilo que aconteceu aqui hoje foi dos melhores dias da minha vida, e ninguém me vai tirar isso!
Começo a chorar do nada, só de pensar que teria de o deixar para trás sentia que nunca mais me ia sentir tão segura.
- Eduardo - disse ele olhando muito seriamente para mim- Chamo-me Eduardo!
- Carla - digo logo a seguir sorrindo, com tudo isto, nem me tinha apercebido de que nem nos tinhamos apresentado.
- Carla, obrigada por este dia, nunca pensei sentir-me tão feliz como me senti hoje contigo!
Ao ouvir aquilo, foi como se alguém me tivesse espetado uma faca no coração, tinha noção de que aquele dia poderia nunca mais voltar a repetir-se.
- Bem agora tenho mesmo de me ir embora senão perco a boleia.
Ele não me disse mais nada, ficou apenas a olhar para mim, sabia que não precisava de dizer nada, pois já estava tudo dito. Ficou ali a ver-me ir embora com lágrimas nos olhos e ao mesmo tempo a sorrir pelo dia que passamos.
Chego a casa e fui direta ao quarto para poder relembrar o que aconteceu e ter certeza de que não passou apenas de um sonho.
Na manha seguinte tinha uma mensagem que dizia: " Obrigada pela pessoa que és, obrigada pelo dia que me fizeste passar, obrigada por me fazeres tão feliz como nunca fui em toda a minha vida, e obrigada por me fazeres perceber o quanto é difícil ter de deixar uma pessoa importante ir-se embora"
Mal li a mensagem desatei a chorar, mas acho que chorava de felicidade, nunca tive tanto orgulho de uma pessoa como senti do Eduardo, por saber que aquela aventura não tinha sido apenas de um dia, e que ele não se esquecera de mim tão rápido.
Agora todos os dias recebo uma mensagem dele, é orgulho-me em saber que somos importantes na vida um do outro, e que ambos nos fazemos feliz como nunca fomos. Só tenho de lhe agradecer por me mostrar algo que nunca tinha sentido de verdade, a segurança, a felicidade, a facada de ter de o deixar para trás. E é melhor ainda saber que aquele dia se vai repetir em breve.